quinta-feira, 7 de julho de 2011

Diário de um torturador de bruxas na Idade Média ( Parte II)





Tela de Bessonov Nicolay retrata uma sessão de agulhamento.

28 de Outubro.
Hoje, recebi a incumbência do magistrado local para confirmar se uma jovem donzela é uma bruxa. Como acontece normalmente, saio vagando de lugarejo em lugarejo no encalço destas almas infelizes, para confirmar ou não as acusações que pesam sobre elas. O magistrado explicou-me que esta “bruxa” causou mal a alguns aldeões. Isto não me importa, já que o meu único intuito é encontrar os detalhes anatômicos de bruxaria e receber pelo meu trabalho. Logicamente, se não consigo encontrar as almejadas marcas, alego que o demônio removeu-as previamente no intuito de preservação do seu investimento diabólico. Afinal, 50 shillings seriam mais do que suficientes para que eu acusasse até a minha mãe.

Já agulhei mais de 230 acusadas de bruxaria. Nenhuma uma delas, julgo eu, era bruxa, mas apenas pobres e desafortunadas almas que despertaram ciúmes, inveja ou descontamento em membros da comunidade, familiares, parentes ou amigos. Desconfio que haverá um dia em que vou me deparar com uma bruxa verdadeira e este dia será escuro e triste. Neste dia, me recusarei a agulhar a bruxa e pedirei pela sua absolvição, e continuarei agulhando todas as outras, uma covardia que nunca será perdoada por Deus.

Suspeito que por trás destas acusações estejam a falta de meios de diversão nestes pequenos vilarejos. Penso que este povo necessitaria aliviar as tensões, coisa que os londrinos fazem indo ao teatro Globo (teatro construído por Shakespeare). Ahh, como gostei na Noite de Reis (peça de Shakespeare), tenho que voltar lá depois de terminar este trabalho vergonhosamente prazeroso.


fonte:blogpaedia

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